Tecnopolíticas urbanas e ativismo digital no sul global
Essa fala pretende apresentar pesquisa recente sobre a ressignificação de fluxos e infraestruturas urbanas por meio do engajamento com movimentos de ativismo digital da periferia. Partiu-se do pressuposto que essas formas de disputa por direitos e processos de reapropriação de territórios e infraestruturas manifestam um reposicionamento do urbano periférico como centro epistemológico no contexto do sul global. A partir de um processo de coprodução de conhecimento em parceria com um coletivo de jornalismo de dados no Complexo da Maré (data_labe), o objetivo foi examinar o cruzamento entre ativismo digital e urbanismo de dados como prática que busca decolonizar o conhecimento sobre a cidade e reconceituar o lugar da periferia no debate público.
Nossos gêmeos algorítmicos
No encontro a professora aborda a dissolução das fronteiras entre público e privado, proteção à privacidade, datificação do eu, monitoramento do desejo, essas e outras expressões localizam-se nas vizinhanças do tema que será tratado nesta apresentação, a saber, os nossos duplos digitais que hoje certamente devem ser chamados de duplos algorítmicos, pois há muito pouco que ainda resta no digital que possa estar à margem do monitoramento dos algoritmos, especialmente quando se trata dos dados que lançamos às redes e que são enlaçados em invisíveis operações subterrâneas. Diante disso, há duas questões que serão aqui colocadas: por que os gêmeos algorítmicos estão provocando tanto mal-estar no ser humano? O que eles, de fato, estão roubando de nós? Para refletir sobre isso dois eixos serão seguidos: a resistência robusta do eu cartesiano e o mal-estar do duplo.
Políticas da imagem – Vigilância e resistência na dadosfera
As imagens passam por um processo de transformação radical. Elas tornaram-se as principais interfaces de mediação do cotidiano, ocupando a comunicação, as relações afetivas, a infraestrutura, as estéticas da vigilância e os sistemas de escaneamento dos corpos na cidade. Selfies, memes, aplicativos de envelhecimento da imagem, waze, google maps, vídeos deepfakes, escaneamento corporal, reconhecimento facial, inteligência artificial, projeções de protesto em empenas nas cidades, são algumas das evidências da pandemia das imagens do nosso agora. Isso conflui para uma subversão dos cânones das escolas de cinema e arte, por um lado, e para uma concentração sem precedentes da circulação de imagens em algumas poucas empresas. Como a arte contemporânea responde a esse processo? De que maneira isso impacta a cultura da memória e a política?
Geopolítica dos algoritmos, mercado de dados e segurança
A exposição trata da consolidação de dois mercados de dados, o legal e o ilegal. Também trata da geopolítica dos sistemas algorítmicos e do conceito de poder computacional que gera um poder de análise assimétrico. Entre os exemplos, apresenta-se ações das empresas de spyware e ciberguerra.
Jornalismo e Plataformas Digitais
As plataformas sociais digitais ocupam hoje um espaço significativo no cotidiano social. Twitter, Facebook, Instagram, buscadores como o Google e mensageiros como o WhatsApp e Telegram concentram a audiência no meio digital e, como tal, acabam por constituirem-se como o primeiro canal de informação noticiosa para o público. Uma porta de entrada de público na rede que é modulada e algoritmizada conforme as estratégias comerciais. Especialmente Facebook e Google possuem atividades dirigidas à visibilização de conteúdos jornalísticos, seja por meio de parcerias com as marcas informativas, seja por meio de projetos de financiamento e apoio a inovações na área.
Por outro lado, as marcas jornalísticas hegemônicas e as recentes digital natives estabelecem suas presenças no meio digital de forma mais autônoma, buscando atrair sua audiência por meio de diferentes estratégias de relacionamento que, muitas vezes, colidem com os processos algoritimizados das plataformas.
Reuse.City
Encontros do Lab404 com Felipe Fonseca que busca entender as cidades como entidades generosas, que podem promover em suas comunidades os consertos, o upcycling e a recirculação de objetos e materiais para gerar benefícios sociais, econômicos e ambientais.
IA e enviesamento algorítmico
Nesta edição do Encontros do Lab404, a convidada, professora Dora Kaufman(PUC-SP), debateu com o professor André Lemos(UFBA), coordenador do Lab404, sobre os algoritmos de IA estão nos modelos de negócio das plataformas tecnológicas e aplicativos, nos mecanismos de persuasão e personalização, nos processos de decisão automatizados em distintas tarefas. A técnica que permeia a maior parte dessas aplicações, denominada Deep Learning ou Redes Neurais Profundas, é baseada em grandes conjuntos de dados originando o problema do viés ao refletir os preconceitos existentes na sociedade incorporados nos dados. O viés pode emergir, igualmente, de decisões tomadas pelos desenvolvedores dos modelos. Essas e outras questões serão tratadas no encontro, mesclando conceitos teóricos e aplicações práticas.
Bruno Latour, Graham Harman e a Teoria Social Orientada ao Objeto
A quarta edição do Encontros do Lab404 abordou sobre como Bruno Latour, com sua Teoria Ator-Rede (TAR), e Graham Harman, com sua Ontologia Orientada ao Objeto (OOO), oferecem uma forma curiosa, muitos diriam até estranha, de compreender o universo das relações sociais, resgatando não apenas um projeto ontológico alternativo, envolvendo novos contornos do que é a própria realidade, mas também redefinindo toda uma linguagem de fundo, assim como práticas políticas e outras formas de engajamento. Essas são apenas algumas perguntas que brotam daquilo que chamamos aqui de uma Teoria Social Orientada ao Objeto.
aNFTaMINA MAD: do pós-dinheiro à mineração de arte digital
O professor Gilson Schwartz aborda da “bitcoin” à emergência de obras de arte que podem ser “tokenizadas” em mercados amparados na infra-estrutura da “blockchain”, passando pela corrida por novas formas de fiscalização, regulamentação e supervisão da especulação, da evasão fiscal e da “deep web”, a compreensão do vocabulário que define as inovações na esfera da “FinTech” é quase tão difícil quanto efetivamente entrar e sobreviver nos esquemas operatórios do “pós-dinheiro”. Até onde há inovação, onde começa mais uma bolha esquizo-monetária capitalista? Moda, moeda ou mídia?
Encontros Lab404 – Realidades paralelas: análise de redes complexas aplicada a campanhas de desinformação
O pesquisador João Guilherme Bastos dos Santos (INCTDD) é o convidado para o debate sobre as campanhas de desinformação em plataformas digitais. Com o título “Realidades paralelas: análise de redes complexas aplicada a campanhas de desinformação em plataformas digitais”, o convidado desta edição do Encontros do Lab404 aborda a dimensão multiplataforma das redes sociais online e o modo como as campanhas de desinformação nesse tipo de ambiente seguem dinâmicas de sistemas complexos. Essas dinâmicas dialogam não apenas com algoritmos das plataformas tomados individualmente, mas com redes de plataformas interconectadas, com interferências mútuas, perpassadas por culturas e vocabulários diversos trazidos por usuários que também atuam na construção e na destruição de conexões nessa trama.
Encontros Lab404 – Lançamento do livro Sociologia Digital (EDUFBA, 2020)
No primeiro Encontros do Lab404, série de debates acadêmicos sobre cultura digital, ocorreu o lançamento do livro Sociologia digital: uma breve introdução, recém-publicado pela Coleção Lab404/Edufba. Idealizado pelo Laboratório de Pesquisa em Mídia Digital, Redes e Espaço (Lab404/UFBA), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (PósCom/UFBA), o projeto de extensão Encontros do Lab404 pode ser assistido clicando aqui.
Para a primeira edição, o prof. André Lemos (UFBA) e o prof. Elias Bitencourt (UNEB), ambos do Lab404, recebem Leonardo Nascimento, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFBA, para o lançamento de seu mais novo livro. A partir da contextualização do surgimento do termo, em relação aos debates sobre o “digital” dos últimos vinte anos na sociologia, o livro Sociologia Digital propõe que esse ramo da pesquisa social envolva a adoção de novas técnicas e ferramentas que permitam compreender a relação entre sociedade, cultura e tecnologia.