Desde a semana passada que tentava publicar algo sobre a iniciativa da tv Globo de produzir telejornal especificamente para celulares e transmissão para ônibus. Agora sobrou um tempinho para comentar esta questão. Como todos sabem o modelo de tv digital brasileiro, originado do padrão japonês, permite o acesso também em dispositivos móveis preparados para receber o sinal digital. A Samsung já lançou no Brasil, em 2008, celulares com capacidade de recepção da tv digital aberta. Entretanto, há outro movimento em paralelo e mais rápido que este, a chamada tv móvel, com transmissão via streaming para celulares ou em forma de “pilulas” para aparelhos como o iPhone que não é exatamente a tv digital. É neste terreno que a Globo promete entrar com ênfase a partir deste ano com o lançamento de telejornais para celulares.
A Globo tem explorado bem, através dos seus sites globo.com e g1, o uso de vídeos on demand de sua programação. Logo após o fim de programas jornalísticos como Jornal Nacional as reportagens ficam imediatamente disponíveis no portal globo.com para iPhone. Em casos mais específicos como partidas de futebol é possível assistir no celular os gols ou melhores lances minutos depois de acontecerem.
As empresas de comunicação começam a investir na convergência e na mobilidade propiciada pelos dispositivos móveis como celular. Com a variação de redes disponíveis (3G, Wi-Fi) o usuário pode navegar na web ou acessar vídeos de praticamente qualquer lugar, de forma ubíqua. No anúncio da nova programação da emissora, no último domingo, William Bonner deu ênfase na intenção de levar a notícia para qualquer plataforma e para qualquer lugar. É algo parecido com o que o Globo propos no ano passado com sua campanha “muito além do papel de um jornal” defendendo a estratégia de que “Nosso negócio é informação, multiplataforma, multimarca e multigeografia”.
Na contracapa do livro “tv digital no Brasil – tecnologia versus política” (SENAC, 2008), de Renato Cruz, um trecho sintetiza este novo cenário em experimentação pelos broadcast: “Televisão no celular. Televisão pela linha telefônica. Pela Internet. Pela tomada de energia elétrica. Pela rede sem fio WiMax. No iPod. No computador. No carro, no trem, no barco e no metrô. Por todas as redes, em qualquer lugar e em todos os dispositivos.”
Resumo: o celular torna-se uma poderosa plataforma para recepção e para produção de conteúdo jornalístico neste ambiente de convergência em andamento.