Atualmente, um conjunto de ferramentas e componentes têm permitido que desenvolvedores, empreendedores, artistas e designers transformem idéias em experiências inventivas e soluções para problemas individuais ou coletivos. Os makers usam ferramentas digitais e analógicas para transformar conceitos e idéias em projetos artísticos, protótipos para a indústria, novos negócios e produtos para o mercado.
Através de espaços de produção coletiva, como fab labs, startups e makerspaces, os makers desenvolvem processos de aprendizado e disseminação de habilidades que valorizam não apenas o software, mas principalmente uma nova cultura de hardware, mais customizado, pessoal e enriquecido por um reinteresse pelo trabalho manual com circuitos, placas, sensores e outros objetos. A idéia de ação coletiva, a cultura do “faça você mesmo”, as redes de contatos nas mídias sociais e o conceito de crowdsourcing são forças que amplificam ações iniciadas em pequena escala, mas que podem transformar mercados, comportamentos e formas de interação no espaço urbano.
A tendência atrai novos adeptos independente do nível de conhecimento sobre programação. Hardwares e ferramentas mais simples e acessíveis, como o TinkerBots, por exemplo, permitem que crianças criem seus próprios robôs e brinquedos a partir de um conjunto de blocos moduláveis e programáveis.
Alguns projetos já se tornaram produtos no mercado, como o Pebble, um relógio com capacidade de conexão com smartphones, computadores, aplicativos e outros objetos, que permite aos seus usuários customizar novas funções a partir de um código aberto, e os Ninja Blocks, sensores de movimento que podem ser integrados à mídias sociais e serviços na web, permitindo a criação de uma série de aplicações que também exploram a conexão entre objetos.
Um crescente número de plataformas digitais incentivam o senso de comunidade entre os makers, o trabalho colaborativo, o intercâmbio de conhecimento e recursos, além do surgimento de novos espaços de compra e venda de produtos, como os sites Maker:, Inventables, LittleBits e Sparkfun. Nesse contexto surgem ainda serviços que auxiliam a transformação de projetos em produtos para o mercado através de orientações sobre investimento de capital, gestão de direitos autorais e processos produtivos em larga escala.
Esse movimento de inovação também cria possibilidades para a atuação dos smart citizens, indivíduos e grupos que buscam entender seu contexto e transformar suas cidades, tornando-as mais personalizadas através do uso de dispositivos pessoais de comunicação, tecnologia em pequena escala e Internet das Coisas.
O Smart Citizen Kit é uma plataforma de monitoramento de código aberto, viabilizada através do Kickstarter, compatível com Arduino e formada por um hardware, uma API e um aplicativo para smartphones, que possibilita a criação de aplicações baseadas na coleta de dados ambientais. No Brasil, a Telefonica/Vivo lançou um Kit de Desenvolvimento IoT, também baseado em Arduino, com sensores de luminosidade, contato, umidade, ruído e luz, que faz uso do ambiente tecnológico da empresa, com serviços de nuvem e conectividade 4G, para a criação de aplicações em diversos setores.
O espírito maker pode exercer um papel importante no desenho de novas formas de interação entre dispositivos, dados e usuários no espaço urbano na medida em que confronta soluções prontas, oferecidas por grandes empresas de TI, com inovações do tipo bottom-up, produzidas de forma descentralizada e colaborativa. O movimento também estimula uma mudança de plano do hardware, que deixa de ser algo de fundo, um suporte para o ambiente digital, uma caixa-preta invisível para muitos, para retomar as atenções sobre seus detalhes e possibilidades.