Na última reunião do GPC, no dia 20/05, foi apresentado por Paulo Victor o texto Place and the Power of Communication, capítulo do livro Geographies of Media and Communication, de Paul Adams. Considerado denso e de difícil compreensão pelo GPC, o texto trata de forma geral a relação entre comunicação, lugar, discursos e poder, tendo como ponto central o questionamento de como o lugar é produzido por discursos e como ele produz subjetividades. Apesar de não tratar especificamente de tecnologia, houve o esforço em fazer conexões com o tema do GPC. Entretanto, discutir espaço, lugar e tecnologia não é uma tarefa fácil nem evidente, pois é um terreno complicado.
Diversos pontos foram levantados, que serão enumerados a seguir.
– Como os discursos configuram relações com o lugar e como eles constituem o lugar, sendo independente da tecnologia, a qual também pode contribuir neste processo.
– Os mapas contendo discursos mais explícitos e hiperlocalizados.
– A ideia de que o discurso funda um lugar. O indivíduo pode absorver determinado discurso ou ser um pólo de resistência (como fundar um Brasil em um país exterior, não se “culturalizando”). Outro exemplo foram os missionários, que tiveram discursos de catequização com os índios. Alguns aderiram e outros ignoraram completamente, ocorrendo também desvios e apropriação.
– Determinados discursos só fazem sentidos em determinados lugares, a exemplo do Tibet.
– Todo lugar, com ou sem mídia locativa, estão dizendo algo. Vem de um discurso, a exemplo do urbanismo, seja ele bottom up ou top down.
– O texto aponta que não existe lugar sem comunicação, cada um tendo um tipo de comunicação. O lugar, portanto, enquadra, molda e prioriza forma de comunicação específica. Além disso, a comunicação também é constituída de lugares. Os lugares também são constituídos de representações dos lugares pela mídia. Ainda, o lugar é constituído e atravessado por fluxos comunicacionais; é performativo – pois estar no lugaar é sempre assumir uma performance em meio a tores.
– Reforçamos a ideia de que mesmo com a proliferação das tecnologias de comunicação e informação, o lugar continua tendo importância.
– Diversos autores aparecem no texto, como Marx, Althusser, Gramsci, Bakhtin (e sua ideia de carnavalização dos discursos), Lefebvre (e os três tipos de espaço – vivido, concebido e percebido) e Lacan (reflexão da criança em sua fase do espelho, no processo de concepção do mundo e de situar-se no espaço)
Um dos debates mais longos surgiu do questionamento se, nas mídias locativas, seria o lugar que geraria um discurso. Um ponto de consenso apontou que há um discurso anterior às mídias locativas e possivelmente elas seriam uma forma de dar visibilidade aos discursos. Há o potencial de produzir discursos não-hegemônicos e de resistência, o que remete a origem do termo mídias locativas.
Outro ponto levantado por André e discutido foi a ideia de que, com as mídias locativas, há um reforço da hiperracionalização na relação com o espaço e uso das tecnologias baseadas em localização. Mas como fugir disso? Talvez essa hiperracionalização seja resultado da apropriação da tecnologia e por termos sido privados de utilizá-las por muito tempo. Um dos extremos da hiperracionalização foi relacionado ao projeto Biomapping, de Christian Nold.
Dica de leitura: Texto Cityspace, Cyberspace, and the Spatiology of Information, de Michael Benedikt, disponível em journals.tdl.org/jvwr/article/download/290/244. Defende tese que espaço é informação.
Dica de post: http://mastersofmedia.hum.uva.nl/2010/05/19/map-as-a-performative-practice/
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