Resenhas

The Tuning of Place – capítulos 5, 6 e 7

Nuvem de tags by http://www.flickr.com/scampion/

Capítulo 5 – Ritmo

O quinto capítulo de Tuning of Places fala do ritmo – a repetição regular – como uma ferramenta de organização espacial, uma afirmação ou hábito, habitat ou casa. Coyne admite que movimento, dança, disposição, cor e padrões visuais podem ser modos de repetição, entretanto seu interesse recaí, como no 1º capítulo, sobre o som. Na argumentação, o autor toma a vida urbana como saturada pelos sons como se estivesse continuamente imersa em paisagens sonoras, conjuntos repetitivos de sons, que são ligados ao habitat pela memória. Memória que, por sua vez, é incorporada e reforçada através da repetição.

A ideia de ritmo, leva Coyne a tomar as mídias pervasivas como tecnologias de repetição, computadores e redes como a maquinária da repetição: dispositivos que seguem os ritmos e ciclos de todos os dias. A ideia de repetição, então, logo se desdobra na de ritual e no fetiche característico da internet.  O fetiche de possuir e atualizar as antigas páginas pessoais ou os smartphones de hoje com suas capas, sons e imagens de tela personalizadas.

A repetição ainda pode ser observada no scanning, nos dispositivos que esquadrinham espaços: os sonares, radares, as lentes panorâmicas, o Microsoft Photosynth ou o Google Earth. Uma representação não apenas da Terra inteira, mas da vida na Terra.

Capítulo 6 – Tags

No capítulo 6, Coyne argumenta que a computação pervasiva está apoiada no conceito da tag (etiquetas) e que elas são emblemáticas na ubiquidade: códigos de barra, etiquetas de RFID, QR Codes, etc, assim como os indíces que relacionam links, referências e listas. Para ele, os sistemas de tagging, são um fenômeno contemporâneo não institucionalizado, como as tags do graffiti, que funcionam como assinaturas que identificam os artistas.

As tags fazem parte do ambiente da cidade com suas placas e pôsteres que contribuem para identificar os lugares. Assim, como uma etiqueta de bagagem, as tags fundem rótulos, marcas e dizem onde você está, o que você procura e o que te pertence. Ainda, tags podem ser trocadas, multiplicadas e coletadas. Muitos objetos cotidianos podem ser pensados como tags: carimbos de passaporte, ingressos, cheques, selos, cartões de crédito e dinheiro.

Tags são a forma básica da mídia móvel, se proliferam, multiplicam e crescem, são temporárias, podem ser alteradas, comparadas, analisadas estatísticamente e visualizadas em nuvens de maior ou menos densidade de conexão, relevância e frequência. As nuvens de tags flutuam e alteram os significados, usos e contextos, servem como rótulo e colocam as coisas juntas.

Capítulo 7 – Taps

É no capítulo que fecha a segunda seção do livro, chamada de Cotidiano, que Coyne fala da mídia tangível e das implicações do tato para a mídia digital ubíqua. O autor chama a atenção para as diferenças entre a logomarca de uma empresa ou serviço estampada em uma embalagem e o gesto de tocar nesta mesmo logo em um site ou no ícone de um aplicativo, fazendo com que a logo sirva de acesso a algum conteúdo.

A materialidade dos dispositivos também ganha importância quando a segurança se digitaliza ou as tecnologias de reconhecimento de voz se tornam mais comuns, fazendo o movimento de fixar ou identificar as tags das pessoas, confundindo quem é o hospedeiro e quem é o parasita.

Coyne encerra a seção retomando os argumentos sobre a importância das tags e o problema do mistagging, as tags, que por erro ou malícia são colocadas em lugares errados ou classificam a informação incorretamente. O autor destaca que, ainda que ilusórias e enganosas, as tags servem para criar um falso senso de ordem, tão importante quando as elas fazem parte do repertório de medidas pelos quais as pessoas ajustam e sintonizam seus ambientes.